‘Nova Americanas’: Suspeita de rombo nas contas faz ações da AmBev despencarem
A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) experimentou uma queda acentuada na Bolsa de Valores de São Paulo na tarde de 1 de fevereiro de 2023, depois que a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), formada por cervejarias concorrentes, ter afirmado que havia um rombo estimado em R$ 30 bilhões em manobras tributárias na empresa. O estudo, contratado pela CervBrasil e realizado pela consultoria AC Lacerda, acusa a Ambev de inflacionar o preço de componentes da produção de bebidas que são passíveis de isenção e geração de créditos fiscais na Zona Franca de Manaus.
Na prática isto significa que o governo teria, supostamente, sido ludibriado e realizado créditos tributários baseados em uma inflação artificial sobre preços de insumos que são contemplados pela legislação como incentivo ao crescimento do setor industrial. Sendo assim não se trata de valores que seriam devidos aos fornecedores da empresa, como no caso das Americanas, mas sim, dinheiro dos contribuintes que deixaram de receber essa verba aplicada em hospitais ou educação pública, por exemplo.
Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed, afirma que a queda da Ambev na Bolsa está ligada às suspeitas levantadas pela CervBrasil, e que o mercado teme que essas práticas contábeis sejam uma prática corriqueira do grupo, como foi o caso da Americanas, que também está passando por uma crise financeira, e tem como donos o mesmo grupo de sócios. Flavio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos, pede calma na análise das suspeitas e ressalta que a CervBrasil não é isenta, por ter interesse no mercado nacional, e que por tanto, supostamente lucraria com os resultados negativos da Ambev.
A Ambev nega as acusações, afirmando que seus cálculos tributários são baseados na lei e que suas demonstrações financeiras cumprem todas as regras regulatórias e contábeis, incluindo a transparência do contencioso tributário. Além disso, a empresa diz que está entre as cinco maiores pagadoras de impostos no Brasil.
Vejamos os desdobramentos da questão, já que na prática a pressão do mercado é intensa sobre a empresa diante destas graves acusações. Estaremos diante de um novo escândalo bilionário de responsabilidade dos mesmo grupo empresarial?