Washington sugere colocar mísseis no Japão para reforçar as defesas contra a China. A implantação das forças dos EUA no Japão pode incluir armas hipersônicas de longo alcance e Tomahawks.
Embora o governo Norte-americano tenha abatido o “balão chinês” após dias de tensão máxima na diplomacia dos dois países, a repercussão do incidente tem desdobramentos preocupantes para a manutenção da paz entre as duas potencias globais, e especialistas já especulam sobre um novo período de Guerra Fria, colocando, desta vez, interesses comerciais e políticos antagônicos novamente testando os limites de uma escalada das disputas.
Washington agora propôs instalar mísseis de médio alcance no Japão como parte de um plano para aumentar a proteção contra a China. Segundo o jornal Sankei, fontes não identificadas relacionadas aos Estados Unidos e Japão afirmaram que a implantação pode incluir armas hipersônicas de longo alcance e Tomahawks. Tóquio estaria prestes a iniciar uma discussão aprofundada para avaliar a aceitação da proposta.
A ilha de Kyushu, no sul do Japão, está sendo considerada como uma possível localização para as armas, embora ainda não tenha sido confirmada. O Japão e os EUA buscam fortalecer as ilhas que dividem o Mar da China Oriental do Pacífico Ocidental, pois ficam próximas a Taiwan e fazem parte da “Primeira Cadeia de Ilhas”, que cerca as forças militares chinesas.
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se reuniu recentemente com o presidente dos EUA, Joe Biden, para discutir a cooperação militar entre os dois países. O Japão está passando por uma nova fase de militarização devido aos conflitos com a China e a Coreia do Norte.
É fato de que desde a crise financeira de 2008, o Ocidente tem enfrentado uma clara decadência quanto à sua influência global política e econômica, enquanto a China avança no cenário internacional. O conflito entre Ucrânia e Rússia, prestes a completar um ano desde seu início é lido por muitos cientistas políticos como uma clara provocação dos Estados Unidos para provocar uma guerra nas fronteiras russas e fomentar a separação da Rússia da China, evitando assim a consolidação deste bloco.
Embora haja uma cultura de desconfiança fomentada em relação à Rússia e à China, durantes vários anos os tratados firmados foram, em sua maioria, cumpridos pelos países. O incidente atual com a China, aliado aos conflitos entre Ucrânia e Rússia, entretanto, reforça o medo existente de que estas nações iniciem um novo período de tensões e conflitos de proporções globais, colocando em risco o cenário “mínimo” de paz existente após o fim da guerra fria, muito embora disputas locais nunca tenham cessado por completo, e continuam à alimentar a indústria da guerra.
Os movimentos são claros tanto do lado do “bloco” capitaneado pelos EUA, quanto pela China e Rússia, e muito se especula sobre quais reais interesses estão por trás do incidente envolvendo o balão de propriedade chinesa. Em sendo, de fato, um artefato de “espionagem”, como alega Washington, seria uma recado de Pequim? Caso não seja esta a hipótese correta, e o artefato, de fato, se trate apenas um medidor meteorológico desviado pelas correntes de ar, destruir o item utilizando caças de forma televisionada tem qual objetivo por parte do governo americano?
Estas são questões que precisam ser respondidas de forma que o “jogo” destas grandes potências não coloquem sacrifiquem, ainda mais vidas, buscando diplomaticamente soluções e respostas que garantam um melhor equilíbrio.