Há registros de 9 mortes e 16 casos suspeitos até a última atualização na Guiné Equatorial. Camarões investiga dois casos suspeitos.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) confirmou o primeiro surto da febre hemorrágica causada pelo vírus Marbug, com casos confirmados na Guinea Equatorial, país localizado na África Central. Até o momento, foram identificados 16 casos e nove mortes, todas registradas na província de Kie Ntem.
O marburg é um vírus da mesma família do ebola, com alta mortalidade, e em episódios anteriores até 88% dos infectados morreram. Ele foi identificado pela primeira vez em 1967, ao causar um surto simultâneo em três cidades europeias: Marburg e Frankfurt, na Alemanha, e Belgrado, na Sérvia.
À época, descobriu-se que os indivíduos infectados trabalhavam em laboratórios de pesquisa e tiveram contato com macacos verdes africanos que foram importados de Uganda e carregavam o agente microscópico. Posteriormente, descobriu-se que os hospedeiros naturais do vírus eram morcegos frugívoros da espécie Rousettus aegyptiacus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a incubação varie entre 2 e 21 dias, e os sintomas surgem de forma abrupta, com febre alta, fortes dores de cabeça, na barriga ou nos músculos e mal-estar. Num período de sete dias, o paciente apresenta outras manifestações, como vômitos e diarreia. Em muitos casos, há perda de sangue por fezes, urina, saliva, secreções nasais e lesões na pele.
Ao longo dos anos, os maiores surtos relacionados ao vírus marburg foram registrados em diferentes países, como Alemanha, Sérvia, República Democrática do Congo, Angola e Uganda. A taxa de fatalidade variou entre 24% e 88%.
O surto registrado na Guiné Equatorial está em investigação. A OMS informou que equipes foram acionadas para rastrear contatos, isolar pacientes e fornecer assistência médica às pessoas que apresentam sintomas da doença. Além disso, esforços estão em andamento para montar rapidamente uma resposta de emergência, com o acionamento de especialistas em epidemiologia, gerenciamento de casos, prevenção de infecções, laboratórios e comunicação de risco.
O virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, analisa que os episódios dos últimos anos demonstram que estamos num cenário de mudanças. Segundo ele, “o avanço da urbanização, das conexões internacionais e os próprios surtos recentes de ebola demonstram que a disseminação de vírus como o marburg ficou mais fácil”. Ele ainda complementa que a novidade deste surto registrado agora é o fato de ele estar acontecendo na Guiné Equatorial, indicando que a dispersão do marburg em hospedeiros silvestres é ainda mais ampla do que se conhecia. Spilki teme que a situação se agrave e se aproxime do que aconteceu na epidemia de ebola.