Você sabia que existe um “imposto rosa”? Esse termo é usado para se referir ao fato de que produtos considerados femininos são mais caros que os masculinos, além de terem uma carga tributária mais elevada.
Isso acontece desde a infância, quando as roupas e brinquedos para meninas são mais caros que os dos meninos. E essa diferença de preço só aumenta à medida que as mulheres crescem e têm mais necessidades. Em média, a carga tributária dos produtos femininos é 40% maior que a dos produtos masculinos.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2017 pelo MPCC-ESPM (Mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor) em parceria com o InSearch, as mulheres pagam em média 12,3% a mais pelos mesmos produtos no Brasil. Esse fenômeno econômico é conhecido como “pink tax” ou imposto rosa.
As empresas costumam justificar essa diferença de preço pela ideia de que estão incluindo as mulheres, oferecendo produtos diferenciados. Mas será que o esforço para produzir um produto cor-de-rosa ou lilás é realmente maior do que para produzir um produto azul?
Segundo a tributarista e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Tathiane Piscitelli, “cobra-se mais por bens e serviços cujo público principal são as mulheres, mas não porque são produtos e serviços que apenas elas consomem: o maior preço decorre da apresentação na versão feminina de muitos bens e serviços que existem similares ‘masculinos’”. Ou seja, ao consumirem produtos e serviços destinados às mulheres, elas acabam dispondo de uma parcela maior de sua renda e sofrendo maior incidência tributária sobre o consumo.
A situação pode ser ainda mais delicada quando somada à diferença salarial entre gêneros. Dados do IBGE de 2019 mostram que as mulheres ganham 77,7% do salário dos homens. “Levando-se esse dado em conta e o fato de que, no geral, as mulheres pagam mais por bens e serviços a ela direcionados, seria possível afirmar que o impacto econômico dessa cobrança majorada é ainda maior, pois tende a aumentar a diferença relativa à disponibilidade financeira entre homens e mulheres”, avalia Tathiane.