Políticos reagem a declaração de Zema sobre “protagonismo” do Sul-Sudeste contra Nordeste. Não é a primeira vez que governador de Minas Gerais ganha repercussão após falas que discriminam nordestinos
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), causou polêmica neste final de semana ao defender que os estados das regiões Sul e Sudeste se unam para barrar o avanço dos interesses do Nordeste. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, Zema disse que o grupo busca consolidar um “protagonismo” para garantir força majoritária frente às demais regiões.
A declaração de Zema foi criticada por políticos do campo progressista e pelo Consórcio Nordeste. O bloco, que reúne os governadores de todos os nove estados da região, disse que Zema tem uma “leitura preocupante do Brasil” e que suas declarações “aprofundam a lógica subalterno, dividido e desigual“.
“Ao defender o protagonismo do Sul e do Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, acrescenta o bloco, que reúne os governadores de todos os nove estados da região.
Também pelas redes sociais, parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado se manifestaram contra Zema. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que as declarações do governador de Minas Gerais são “preconceituoso e nojento“, enquanto a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que Zema é “preconceituoso e atrasado”.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) chamou de “inaceitável” a declaração dada por Zema na entrevista e afirmou que o governador “desrespeita o Nordeste sempre que pode”.
A declaração de Zema é mais um capítulo da tensão crescente entre o Nordeste e as demais regiões do Brasil. Em nota o Consórcio Nordeste acrescentou a posição de união em todo de um crescimento de todos:
“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica subalterno, dividido e desigual”, acrescenta a nota, que ao final apela ainda para a “união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o país”.
Em 2021, o Consórcio Nordeste foi um dos principais críticos da gestão federal durante a pandemia de Covid-19 conduzida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Zema é apoiador declarado, e ao que parece, deseja ser herdeiro político da extrema direita do país que bradou, pós eleições os anseios separatistas do norte e nordeste que apoiaram o então candidato Luís Inácio Lula da Silva.
A declaração de Zema é preocupante porque aprofunda a divisão regional do Brasil. O país precisa de união, não de divisão.