A 30ª edição da conferência sobre o clima das Nações Unidas (COP30) tem início hoje em Belém (PA) — a primeira vez que o encontro ocorre na Amazônia. Com a presença esperada de cerca de 50 mil participantes entre diplomatas, líderes, cientistas, ativistas e empresários, o evento promete duas semanas intensas de negocições para dar resposta à crise climática. A recente Cúpula de Líderes já apontou os eixos principais: acelerar a transição energética, ampliar o financiamento climático e conservar as florestas tropicais.
As atenções agora se voltam para os diálogos técnicos e políticos, onde esses compromissos precisam ser convertidos em planos com metas, cronogramas e recursos. O encontro deste ano terá como foco três grandes frentes: a transformação do sistema energético mundial — reduzindo o uso de petróleo, gás e carvão —, o fortalecimento da adaptação dos países aos impactos do clima e a mobilização de recursos financeiros estáveis e previsíveis para viabilizar essas mudanças.
O Brasil, na condição de anfitrião, busca ocupar papel de destaque global na agenda climática, atuando como ponte entre países do Norte e do Sul e promovendo iniciativas como o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, que visa quadruplicar o uso de combustíveis alternativos até 2035. O país também propõe o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), modelo de financiamento permanente para conservação florestal, que deverá ganhar espaço nas discussões.
Muito mais do que discursos, espera-se da COP30 que emergam compromissos mensuráveis e prontos para implementação — novos NDCs mais ambiciosos, um “roteiro” claro para a transição energética, mecanismos robustos de adaptação, além de um fluxo de capital que permita transformar promessas em ação. Sem esses elementos, o encontro corre o risco de repetir compromissos vazios.

