Empresa, que já foi acusada de pirâmide financeira, justificou o atraso dos pagamentos por causa de uma atualização nos sistemas
Repercute hoje, nos portais especializados em mercado financeiro cripto, as reclamações que começam a surgir nas redes sociais sobre atraso de pagamentos da Braiscompany, empresa que promete gerar retornos acima das maiores taxas de mercado utilizando, supostamente, da sistemática de “locação de criptoativos”.
A informação divulgada no Portal do Bitcoin que relata os atrasos, informa ainda que no esquema de “locação de criptoativos” da Braiscompany, o investidor faz um aporte inicial na empresa em bitcoin e é obrigado a deixar os fundos presos com o grupo por um ano. Enquanto isso, a empresa paga rendimentos mensais para os clientes até que seja liberado o saque do aporte inicial com o fim do contrato de um ano.
A empresa já teve seu nome envolvido em outras polêmicas e chegou a ser acusada de tratar-se um esquema de pirâmide financeira, acusação feita por Tiago Reis, o CEO da Suno Research, uma vez que, em sua opinião, a empresa promete rendimentos irreais, típico de pirâmide financeira. “O que eu faria de se fosse ‘investidor’ por lá? Iria na sede agora e tentaria fazer o resgate antecipado”, disse na ocasião o influenciador com mais de 1,3 milhão de seguidores no Instagram.
Nos perfis oficiais da Braiscompany no Instagram, há diversos comentários de clientes desde a noite de terça-feira (20) que tentam entender por que os rendimentos mensais de dezembro, que deveriam ter caído no dia 20, não foram pagos.
Outro fato que tem chamado atenção dos usuários da rede e clientes se deve ao fato de que a empresa, sediada em Campina Grande (PB), não tem permitido que qualquer manifestação ou questionamento desta natureza fique visível, excluindo comentários de usuários que questionam publicamente o atraso.
Segundo o Portal do Bitcoin, um cliente da Brascompany, que pediu para não ter seu nome divulgado, relatou que foi “pego de surpresa” pelo atraso. Só depois de fazer vários comentários no Instagram e procurar o suporte do Braiscompany é que ele foi avisado que o atraso aconteceu por conta de uma atualização no aplicativo da empresa, que será lançado no dia 28 de dezembro. O grupo diz que para se preparar para o lançamento, precisou realizar “integrações e atualizações no sistema”.
A justificativa apresentada ao cliente e relatada, entretanto, não convenceu clientes e especialistas do mercado, uma vez que a Braiscompany não usa o referido aplicativo ou um sistema interno para efetuar o pagamento dos clientes. Ao invés disso, envia os supostos lucros mensais diretamente para a carteira de bitcoin informada pelo usuário e mantida em corretoras de criptomoedas. No caso do investidor que conversou com a reportagem, a Braiscompany o paga em uma conta da Binance.
O momento atual levanta ainda mais suspeitas nos investidores, uma vez que até mesmo os principais e mais confiáveis criptoativos do mercado viram seus preços caírem pela metade desde o início do ano. A título de comparação, as três criptomoedas com o maior valor de mercado, Bitcoin, Ether e BNB, acumulam perdas no ano de 64%, 67% e 53%, respectivamente.
A Braiscompany, no entanto, sugere que passou ilesa pelo inverno cripto. Mais do que isso, alega ter obtido um lucro de 83,2% para os clientes só em 2022. “Em quatro anos entregamos 342,41% de performance aos nossos clientes”, diz um post no Instagram feito nesta quarta-feira (21) pela Braiscompany.
Até o encerramento desta reportagem não houve informação de regularização dos pagamentos.