Em tom conciliatório após meses de escalada de tensão, os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontraram nesta segunda-feira (14) em Bali, na Indonésia, onde acontece esta semana a cúpula do G20.
Este foi o primeiro encontro pessoal entre os líderes das duas nações – rivais no atual cenário da geopolítica mundial – desde que Biden assumiu o governo, em 2021, e que Xi foi reeleito para um terceiro mandato na China, se consolidando como o líder chinês mais influente desde Mao Tse Tung.
Embora as tensões entre EUA e China tenham se intensificado nos últimos meses (leia mais abaixo), o tom do encontro foi conciliatório, segundo a Casa Branca.
“não precisa haver uma nova guerra fria”.
Disse Biden
Os dois líderes, segundo um comunicado da Casa Branca, falaram sobre suas respectivas prioridades e intenções sobre “uma série de temas”.
“O presidente Biden explicou que os Estados Unidos continuarão a competir vigorosamente com a República Popular da China, incluindo o investimento em recursos internos e alinhando forças com aliados e parceiros ao redor do mundo. Ele (Biden) reiterou que essa competição não deve desviar para um conflito, e que Estados Unidos e China devem levar a competição de forma responsável e manter abertas as linhas de comunicação”.
Já Xi Jinping, segundo a mídia estatal chinesa, disse que a única “linha vermelha” na relação entre os dois países é Taiwan, a ilha que Pequim reivindica como parte de seu território mas cujo governo, independente, Washington apoia.
Na pauta do encontro, que ocorreu nesta manhã (pelo horário de Brasília), estavam temas como a tensão em Taiwan, a guerra na Ucrânia e as ambições nucleares da Coreia do Norte, questões chave para os dois países, que, nos três casos, são aliados de lados opostos.
Antes de encontrar o líder chinês, Biden já havia dito que os Estados Unidos vão “competir vigorosamente” com Pequim, ainda que “garantindo que a concorrência não se transforme em conflito”.
“Como líderes de nossas duas nações, compartilhamos a responsabilidade, na minha opinião, de mostrar que a China e os Estados Unidos podem gerenciar nossas diferenças, impedir que a concorrência se torne algo próximo de um conflito e encontrar maneiras de trabalhar juntos em questões globais urgentes. que exigem nossa cooperação mútua”, disse Biden na abertura da reunião.
A cúpula do G20 acontece ao longo de terça-feira (15). O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não irá ao encontro, e seu país será representado por Serguei Lavrov, o ministro das Relações Exteriores.
Mais cedo, a agência de notícias Associated Press informou que Lavrov foi levado ao hospital após chegar a Bali. O governo russo, entretanto, negou e classificou a informação como “o cúmulo da falsificação.”
Tensões entre EUA e China
O tom das comitivas da China e dos EUA após a reunião marcaram também um “esfriamento” das tensões entre os dois países, que se acirraram ao longo de 2022. Um dos principais fatores foi a postura de Washington sobre Taiwan, ilha que Pequim reivindica ser parte de seu território. Em agosto, a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, aliada de Biden, fez uma visita não anunciada a Taiwan, que foi vista pelo governo chinês como um ato de provocação.
Como resposta, as Forças Armadas chineses fizeram, nas semanas seguintes, uma série de exercícios militares com navios e aeronaves que, em várias ocasiões, invadiram os espaços aéreo e marítimo de Taiwan. Joe Biden chegou a dizer que Washington ajudaria a ilha a se defender no caso de uma invasão. A guerra na Ucrânia também foi um forte encontro diplomático entre Washington e Pequim, que apoiam lados diferentes. O governo de Joe Biden envia armas e ajuda financeira a Kiev, enquanto que Xi Jinping já declarou apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, e não condenou a invasão de suas tropas à Ucrânia.