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Bolsonaro será julgado por Genocídio Yanomami no Tribunal Internacional

Há provas de que Bolsonaro cometeu genocídio contra os Yanomami, diz organização indígena

Falar em mera “negligência” nas políticas públicas do governo de Jair Bolsonaro é um escolha equivocada das palavras para descrever as reais ações do ex-presidente no que diz respeito ao tratamento dispensado aos povos originários do Brasil.

Estamos tratando, a bem da verdade, de uma ação intencional, dirigida por uma filosofia e convicção públicos, alardeados, inclusive, como promessas eleitorais. Em que pese a retórica agressiva quanto aos indígenas em diversas ocasiões, os fatos falam por si: recentemente, foi revelado que 21 ofícios enviados pela comunidade Yanomami ao governo federal foram ignorados e não tiveram resposta.

Trata-se de uma política pública objetiva de eliminação de uma minoria pelo sufocamento, retirando-lhe os acessos mais básicos, inviabilizando à vida. Esta definição tem nome e já foi vivenciado antes na história: genocídio.

Os ofícios, assinados por lideranças Yanomami, tratavam de questões críticas para a sobrevivência da comunidade, incluindo acesso à saúde, assistência médica, segurança e proteção contra invasões de madeireiros e garimpeiros ilegais no território demarcado.

Essa falta de resposta do governo é particularmente preocupante quando se considera a situação desesperadora em que vivem uma parcela dos indígenas Yanomami, notadamente aqueles os quais estão “cercados” pelas invasões de garimpos ilegais. Dados recentes mostram que o número de mortes de crianças com menos de 5 anos por causas evitáveis aumentou 29% no território Yanomami nos últimos 4 anos. Isso significa que 570 pequenos indígenas morreram por doenças que poderiam ter sido tratadas, incluindo 99 apenas em 2022.

A situação de crise humanitária do povo yanomami será levada ao Tribunal Penal Internacional. As informações começam a ser preparadas para o envio para a corte em Haia, num processo que pode ainda levar algumas semanas para ser completado e que tem como foco o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os dados vão fazer parte da denúncia que foi apresentada ainda em 2021 pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) contra o ex-presidente brasileiro por crime de genocídio e crimes contra a humanidade.

É inaceitável que o governo federal ignore as demandas da comunidade Yanomami e negligencie sua responsabilidade de proteger e garantir os direitos básicos desta comunidade. A falta de resposta aos ofícios é apenas mais uma evidência da postura negligente e desrespeitosa do governo Bolsonaro em relação às questões indígenas no Brasil. É hora do governo tomar medidas concretas para proteger e garantir os direitos dos indígenas Yanomami e de todas as comunidades indígenas no Brasil.

O governo do estado de Roraima tem uma ligação próxima com o governo federal liderado por Jair Bolsonaro. Isso é refletido em várias ações e políticas implementadas pelos dois governos.

Um exemplo é a questão dos garimpos ilegais nas terras Yanomami. O governo de Roraima, liderado pelo governador Antônio Denarium, apresentou um projeto de lei para legalizar essas atividades, mas foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal devido à pressão dos indígenas e de outras organizações de defesa dos direitos humanos. No entanto, o governo federal tem sido criticado por não tomar medidas efetivas para combater essas atividades ilegais e proteger os indígenas Yanomami.

Além disso, há indícios, de supostos de favorecimentos e fraudes por parte do governo de Roraima e do governo federal que devem ser investigados, a exemplo dos relatos de empresários locais que se beneficiam do comércio ilegal de ouro e outros minerais nas terras Yanomami, e que tem laços com políticos e funcionários públicos de alto escalão.

O governador Antônio Denarium, apoiador de primeira hora do Ex-presidente, por exemplo, apresentou um projeto de lei que buscava legalizar o garimpo ilegal nas terras Yanomami, mas foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal devido à pressão dos indígenas e de outras organizações de defesa dos direitos humanos.

Apesar disso, o governo de Roraima continuou a apoiar atividades ilegais, como a proibição da destruição de equipamentos apreendidos no garimpo e a proibição da participação das forças policiais do estado nas operações de combate ao garimpo. Além disso, muitos empresários locais também foram acusados de se beneficiar do comércio ilegal de ouro e de outros minerais nas terras Yanomami.

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