A Câmara de Comércio dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira (15) um comunicado contundente contra a nova política tarifária do governo norte-americano, que impôs uma alíquota de 50% sobre uma série de produtos importados do Brasil. Para a entidade, a medida não apenas encarece o comércio bilateral, como também estabelece um “precedente preocupante” que ameaça a estabilidade do sistema comercial global.

A taxação afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como o de aço, alumínio e alimentos processados, e já começa a gerar reações do setor produtivo nacional. Empresários brasileiros demonstraram surpresa e preocupação com o aumento súbito dos custos para exportar aos Estados Unidos — um dos principais destinos dos produtos brasileiros industrializados.

A Câmara dos EUA, considerada a maior organização empresarial do país, criticou o fato de que a nova tarifa foi aplicada de forma unilateral, sem a construção de um processo de negociação ou diálogo entre os dois governos. “Tarifas impostas sem acordo bilateral abrem um precedente perigoso para retaliações futuras. Além de gerar incerteza nos mercados, afetam diretamente consumidores, empresas e cadeias de suprimento em ambos os países”, diz o texto da entidade.

Analistas afirmam que a medida faz parte de uma estratégia política interna dos EUA para proteger setores industriais locais, mas alertam para as consequências diplomáticas. O Brasil, que mantém acordos comerciais relevantes com os norte-americanos e faz parte de cadeias produtivas integradas com empresas dos EUA, pode acabar revendo políticas de alinhamento estratégico caso não haja recuo ou negociação.

O Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente, mas fontes do governo brasileiro indicam que o Ministério das Relações Exteriores está buscando uma audiência com representantes norte-americanos para discutir a reversão da tarifa. Há também pressão de entidades industriais brasileiras para que o Brasil responda com medidas similares, caso a sobretaxa não seja retirada ou revista em breve.

A Câmara de Comércio dos EUA, no mesmo comunicado, recomendou que os dois países restabeleçam imediatamente o canal de diálogo e priorizem soluções diplomáticas. Para a entidade, as tensões tarifárias não só prejudicam o comércio bilateral, mas também sinalizam instabilidade para os demais parceiros globais, especialmente em um cenário internacional já afetado por incertezas econômicas.