Além de Lívia, que registrou boletim de ocorrência, outras influencers que criticaram as afirmações do coach Thiago Schutz também expuseram ameaças que sofreram
A atriz e roteirista Lívia La Gatto registrou um Boletim de Ocorrência e entrou com um pedido de medidas protetivas contra o coach e influenciador Thiago Schutz, conhecido como “Red Pill”, que a ameaçou de morte depois que ela fez uma sátira sobre declarações misóginas sem citar o nome dele.
O caso foi registrado como ameaça na Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 27º DP, no Campo Belo, na capital paulista. Schutz ganhou notoriedade por relatar em um vídeo como recusou tomar cerveja com uma mulher porque já estava “bebendo Campari”, o que foi visto pelas redes sociais como uma forma de esnobar as mulheres, algo comum nos discursos de Thiago, que prega, por exemplo, que mulheres divorciadas tem menos “valor”, e devem aceitar caras mais “feios” pois não tem chance alguma “concorrendo” com meninas de vinte e poucos anos.
Em seus cursos ele ainda ensina aos seus alunos que as mulheres que já tem filhos igualmente são menos valorizadas. Estas afirmações são abundantes nas redes sociais e entrevistas frequentes em vários programas de podcast que frequenta divulgando seu trabalho. As consultorias do autodenominado escritor chegam até R$ 2.500.
Vale salientar que a denominação “Redpill” tem sido utilizada pela extrema direita para alegar que teria acesso ou conhecimento “para além do que a grande massa tem acesso”. No vocabulário masculinista, os “red pills” seriam homens que se opõem ao “sistema que favorece as mulheres”, por terem alcançado um conhecimento privilegiado sobre isso, distorcendo um conceito encontrado originalmente no filme Matrix, mas que em nada se relaciona com as pautas de extremistas ou práticas discriminatórias.
Após a sátira feita por Lívia, que não mencionava o nome de Schutz, ele passou a persegui-la e a fazer mais de 10 ligações pelo Instagram. Como ela não atendeu, Thiago passou a enviar mensagens ameaçadoras, exigindo que ela retirasse o conteúdo que havia publicado. “Você tem 24 horas para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso, é processo ou bala. Você escolhe“, escreveu ele em uma das mensagens.
Outra mulher que também criticou Schutz foi a cantora Bruna Volpi. Ela conta em um vídeo que o coach a procurou pelas redes sociais.
O Grupo Campari, marca com a qual Schutz foi associado por usuários de redes sociais, divulgou uma nota afirmando que “não tem, e nem nunca teve, nenhum tipo de relação, vínculo ou contato com Thiago Schutz”. A empresa também se solidarizou com as mulheres que foram vítimas de misoginia e ameaças e repudiou as atitudes violentas do influenciador.
O caso trouxe à tona novamente a discussão sobre a cultura machista e a violência contra as mulheres nas redes sociais e na sociedade em geral. É importante que denúncias de ameaças e assédio sejam levadas a sério e que as medidas protetivas sejam efetivas na proteção das vítimas.