O recente encontro entre o governador da Paraíba, o prefeito de João Pessoa e seus respectivos vices, na Granja Santana, reacendeu debates sobre alianças, rupturas e estratégias para as eleições de 2026. Ao mesmo tempo em que o gesto alimentou hipóteses de reaproximação política, também colocou em foco um tema concreto da gestão municipal, o futuro da Estação das Artes, espaço que vem sendo alvo de críticas e questionamentos de órgãos de controle.
Segundo a leitura de parte da classe política, a reunião poderia sugerir um movimento de pacificação entre grupos que se afastaram recentemente. Nessa visão, uma eventual recomposição passaria pela retirada de candidatura e pelo retorno à base governista. No entanto, interlocutores avaliam que, diante do grau de tensão acumulado e das disputas em curso, esse cenário é considerado por muitos como pouco provável. Para esses observadores, o encontro se explica mais pela pauta administrativa do que por um rearranjo eleitoral imediato.
Outro ponto em debate é o uso da Estação das Artes, que vinha sendo utilizada para eventos e chegou a motivar representação no Ministério Público Estadual. Críticos apontam que a prefeitura enfrentava dificuldade em definir um projeto estável para o equipamento, classificado por alguns como um espaço subaproveitado. Por outro lado, aliados da gestão municipal argumentam que o local sempre teve potencial cultural e turístico e que as atividades realizadas buscavam justamente evitar que o prédio permanecesse ocioso.
A proposta de instalação de um Centro Internacional de Computação Quântica no prédio da Estação, sugerida anteriormente pelo governo estadual, passou a ser interpretada como saída para o impasse. Para uma corrente de análise, o governo estadual assumiria um problema que a prefeitura não conseguia resolver sozinha, ao mesmo tempo em que ganharia um espaço físico para abrigar um projeto de tecnologia. Já defensores da prefeitura sustentam que a cessão do imóvel representaria uma contribuição concreta da capital a um projeto considerado estratégico para o Estado.
Em meio a essas leituras, o encontro acaba sendo visto por alguns como uma movimentação política que beneficia mais o prefeito, ao transferir para o governo estadual a responsabilidade pelo futuro da Estação das Artes. Outros analistas, porém, destacam que o próprio governo já havia manifestado interesse no prédio, o que tornaria o acerto uma via de mão dupla. Assim, o episódio segue alimentando interpretações distintas, tanto sobre seus efeitos administrativos quanto sobre seus reflexos no tabuleiro eleitoral de 2026.

