Atuação política de mulheres indígenas cresce, mas ainda esbarra em racismo e violência de gênero
Segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de indígenas eleitos prefeitos e vereadores cresceu nas últimas eleições municipais.
Os prefeitos passaram de seis para oito, na comparação com a eleição de 2016. Já os vereadores aumentaram de 168 para 179.
A Paraíba ocupa a segunda posição nacional com 18 indígenas eleitos em 2020, entre prefeito, vices e vereadores e tem a única mulher indígena do Brasil a ocupar o cargo de prefeita.
Neste panorama se destaca a atuação da prefeita do município de Marcação, no Litoral Norte paraibano, Eliselma Silva de Oliveira, mais conhecida como Lili, da etnia Potiguara.
Na disputa eleitoral de 2020, Lili venceu uma eleição integrando uma chapa formada apenas por indígenas. O currículo fala por si sobre a atuação de líder na sua comunidade:
Graduada em enfermagem, a prefeita Lili atuou em postos do Programa Saúde da Família (PSF) em diversas aldeias do município entre 2010 a 2012, quando decidiu iniciar uma carreira política.
Mesmo assim, os desafios são imensos para uma representante indígena, pois é necessário lidar com o racismo estrutural e institucional que há no nosso país, e superar a questão da descolonização sobre a ideia de qual é o lugar do indígena na sociedade.
A realidade é que, em sua maioria, os partidos políticos lançam nomes de candidaturas de minorias políticas para atrair mais votos, mas não investem na candidatura, e isto precisa mudar.
O racismo e o sexismo, no Brasil, estão impregnados inclusive na legislação, mas o movimento de inclusão das mulheres indígenas nos espaços de poder não tem volta.