Lula se reuniu com chanceleres e ministros da Defesa da América do Sul para discutir a questão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu paz na disputa entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo, rica em petróleo e minas. Em discurso na Cúpula do Mercosul, nesta quinta-feira (7), Lula afirmou que acompanha com “crescente preocupação” o aumento das tensões entre os dois países e disse não querer que essa questão se torne uma ameaça à paz e à estabilidade na América do Sul.
“Uma coisa que nós não queremos aqui na América do Sul é guerra. Nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflito”, afirmou Lula. “Nós precisamos construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver o nosso país, a gente pode gerar riqueza e a gente pode melhor a vida do povo brasileiro”.
Lula pediu para que a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) faça a mediação entre os dois países, mas colocou o Brasil à disposição para sediar as reuniões entre Venezuela e Guiana. Lula ainda solicitou que tanto o organismo internacional quanto a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) busquem um “encaminhamento pacífico da questão”.
“Caso considerado útil, o Brasil e o Itamaraty estarão à disposição para sediar qualquer e quantas reuniões forem necessárias”, afirmou. “Não queremos que esse tema contamine a retomada do processo de integração regional ou constitua ameaça à paz e à estabilidade”.
No discurso, Lula propôs aos demais presidentes do Mercosul que aprovassem uma declaração para apaziguar as tensões no continente. Ele afirmou que o posicionamento é o mesmo que foi adotado em reunião no dia 22 de novembro entre ministros da Defesa e chanceleres da América do Sul.
“O Mercosul não pode ficar alheio a essa situação. Por isso, eu quero submeter à consideração de vocês a minuta de declaração dos Estados parte do Mercosul sobre essa controvérsia acordada pelos nossos chanceleres”, afirmou o petista. “Recordo a declaração adotada no último 22 de novembro na reunião de diálogo entre ministros da Defesa e das Relações Exteriores da América da Sul, em Brasília, que reafirma a região como uma zona de paz e cooperação”.
A ideia de emitir um comunicado em conjunto com os demais membros do Mercosul já era debatida pelo governo brasileiro. Na noite de quarta-feira (6), Lula se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e com o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, para debater a melhor forma de fazer esse pronunciamento em conjunto, sem agravar ainda mais a controvérsia entre Venezuela e Guiana.
A ideia, segundo pessoas próximas ao governo, é a de que o comunicado em conjunto saia antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU que deve discutir a questão, marcada para esta sexta-feira (8).
“Se vocês estiverem de acordo, essa nota que tinha sido feita pelos nossos chanceleres e ministros da defesa poderia ser aprovada aqui”, disse Lula aos demais presidentes do Mercosul.
Presidente brasileiro também pede união para enfrentar desafios econômicos e sociais
Em seu discurso na Cúpula do Mercosul, Lula não só falou sobre a disputa entre Venezuela e Guiana, mas também defendeu a união dos países da América do Sul para enfrentar os desafios econômicos e sociais da região.
“A América do Sul tem um potencial enorme, mas ainda temos muito a fazer para melhorar a vida dos nossos povos”, afirmou o presidente brasileiro. “Precisamos trabalhar juntos para promover o desenvolvimento econômico, a inclusão social e a proteção do meio ambiente”.
Lula destacou que a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia agravaram os problemas econômicos e sociais da região. “A crise sanitária e a guerra na Europa estão afetando a economia global, o que também tem impacto na América do Sul”, disse.
O presidente brasileiro defendeu a necessidade de uma maior integração regional para enfrentar esses desafios. “Precisamos construir uma América do Sul mais unida, mais integrada e mais forte”, afirmou.
Lula também falou sobre a importância da democracia e dos direitos humanos na região. “A democracia é essencial para o desenvolvimento da América do Sul”, afirmou. “Precisamos defender a democracia e os direitos humanos em todos os países da região”.
O presidente brasileiro concluiu seu discurso fazendo um apelo à paz e à cooperação entre os países da América do Sul. “A América do Sul é uma região de paz e cooperação