Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid recebeu e-mails com detalhes sobre a segurança em viagens do presidente Lula, já em 2023
O Palácio do Planalto, já na gestão Lula, enviou detalhes sobre a segurança em viagens do presidente ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro preso e alvo da CPMI do 8 de Janeiro.
A questão é entender por qual motivo … Mistérios palacianos que não são difíceis de especular.
As informações foram encontradas na ‘lixeira de milhões’ dos e-mails que foram apagados da caixa principal, mas não do dispositivo, e estão fazendo o valoroso papel esclarecer as entranhas das tramas que antes eram refutadas como sem comprovação. Eis que do lixo estão vindo as comprovações.
Os e-mails funcionais de Cid enviados à comissão mostraram que ele recebeu documentos “urgentíssimos” sobre quatro viagens e três eventos de Lula, dentro e fora do país.
As mensagens da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foram enviadas a Cid de 6 a 13 de março deste ano. Naquela época, Cid e Bolsonaro estavam nos Estados Unidos. O ex-presidente deixou o Brasil ainda em dezembro, para não passar a faixa presidencial a Lula.
O ‘faz-tudo‘ de Bolsonaro recebeu, em sua caixa de entrada, os detalhes de segurança dos seguintes eventos oficiais de Lula: Pequim e Xangai, na China; Brasília, em três eventos; Foz do Iguaçu (PR); e Boa Vista (RR), que aconteceram em março e abril.
As mensagens estavam na lixeira do e-mail de Cid, que, a exemplo de outros auxiliares de Bolsonaro, não apagou as mensagens definitivamente e deu brecha para que a Polícia Federal e a CPMI acessassem o material.
As mensagens traziam documentos com tarja de “urgentíssimo” com informações como data e horário da reunião de preparação, do reconhecimento do local e da visita do escalão avançado, além do nome e celular do coordenador da segurança. Nas viagens à China, o documento citava ainda os horários de decolagem dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os e-mails partiram de três militares do GSI: Márcio Alex da Silva, do Exército; Dione Jefferson Freire, da Marinha; e Rogério Dias Souza, da Marinha. Todos já trabalhavam no GSI na gestão Bolsonaro.
Procurados, o GSI, a Secretaria de Comunicação e Mauro Cid não responderam. O espaço está aberto a manifestações.
O que isso significa?
Os e-mails enviados pelo Palácio do Planalto na gestão Lula ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro preso e alvo da CPMI do 8 de Janeiro, levantam uma série de questões.
Primeiro, é preciso perguntar por que o GSI estaria fornecendo detalhes sobre a segurança de Lula a um auxiliar de Bolsonaro. Isso sugere que o governo Bolsonaro pode estar interessado em monitorar ou mesmo prejudicar Lula.
Segundo, é preciso perguntar por que Cid não apagou as mensagens definitivamente. Isso sugere que ele pode estar tentando esconder algo.
Terceiro, é preciso perguntar por que o GSI, a Secretaria de Comunicação e Mauro Cid não responderam aos pedidos de esclarecimento da CPMI. Isso sugere que eles podem estar tentando encobrir alguma coisa.
Os e-mails enviados pelo Palácio do Planalto na gestão Lula ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro preso e alvo da CPMI do 8 de Janeiro, são um sério escândalo. Eles levantam uma série de questões que precisam ser respondidas.