Alexandre de Moraes determina apuração sobre as alegações do senador.
Ao que parece o Senador Marcos do Val (Podemos-ES) não contava com o rápido desmantelamento das versões sobre o planejamento do Golpe de Estado, mesmo sendo “versado” em técnicas de inteligência e contando no currículo com o honroso título de treinador de equipes da SWAT e até da Nasa, segundo sua biografia.
No mesmo dia em que revelou para a imprensa o detalhamento do encontro que havia tido com Bolsonaro e ex-deputado, agora preso, Daniel Silveira o mesmo conseguiu cair em inúmeras contradições, sempre acrescentando ou retirando informações as versões contadas a cada veículo de imprensa, mudando suas declarações “ao sabor do vento”.
O que não ficou claro em um primeiro momento, mas já começa a se delinear, eram os interesses por trás das declarações que só agora ele estaria revelando, principalmente por se tratar de um aliado de primeira hora do ex-presidente Bolsonaro.
Independente de qual das versões o Senador optasse por contar, em todas elas figurava indistintamente sua suposta relação “próxima” com o Ministro Alexandre de Moraes, que seria o alvo, teoricamente, de uma das fases do malfadado plano de derrubada das instituições democráticas.
Se as alegações do Senador estivessem corretas, o Ministro estaria agindo fora de suas atribuições legais, requerendo de terceiros atuação ilegal de “captação de informações” fora do escopo processual, o que o tornaria parte envolvida ou com interesse nos resultados dos julgamentos, fazendo automaticamente que houvesse suspeição em todos os processos nos quais fossem investigadas as partes envolvidas, a exemplo dos processos em que figurassem Jair Bolsonaro, seus filhos, esposa, e até mesmo nas ações decorrentes de 8 de janeiro, que, ao que parece, sempre foi o foco do Marcos do Val, uma vez que hoje já declarou que pretende pedir a suspeição do ministro nas ações dos atos antidemocráticos.
Cumpre lembrar como breve retrospecto da carreira do ilustre senador sua participação na ativa na CPI da Covid onde prestou-se ao papel de cão de guarda de teorias tais quais da Cloroquina como forma de tratamento, passando até suas ativas Lives realizadas dentro das dependências da Polícia durante a oitiva e prisão dos envolvidos no terrorismo perpetrado nos prédios dos Três Poderes chamando o ambiente de “campo de concentração”.
Não se sabe se a inteligência, da qual o senador tanto se refere em suas entrevistas havia previsto o “tiro pela culatra” da estratégia que não convenceu ninguém, e ao mesmo tempo ainda trouxe os holofotes das mentiras contadas para ele próprio, pois acaba de ser determinada uma apuração independente daquela aberta para examinar as responsabilidades pelos atos golpistas de 8 de janeiro, por ordem do próprio ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em despacho publicado no fim da tarde desta sexta-feira (3/2).
Moraes anotou no despacho com a decisão que Marcos do Val já apresentou quatro versões sobre a reunião na qual o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) teria lhe pedido ajuda, na presença de Jair Bolsonaro (PL), para reverter a derrota eleitoral do ex-presidente. “Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)”, escreveu Moraes.
Além disso os veículos de imprensa terão de passar todo o conteúdo do que foi dito por Marcos do Val (Veja, CNN e Globo News). As contradições de Marcos do Val No depoimento dado à PF na quinta (2/2), assim como em outras ocasiões no mesmo dia, o senador não soube especificar onde teria acontecido o encontro com Daniel Silveira e Jair Bolsonaro, em 7 de dezembro de 2022.