A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em um apartamento funcional de um deputado federal, em Brasília, no contexto de uma operação que apura suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. Durante a diligência, agentes localizaram celulares no gramado do prédio, que, segundo a corporação, teriam sido jogados pela janela no momento da ação. Além disso, valores em dinheiro vivo foram apreendidos no interior do imóvel.
A operação, chamada Igapó, investiga uma possível organização criminosa voltada ao desvio de verbas públicas. De acordo com informações da PF, o grupo seria suspeito de fraudar licitações envolvendo emendas parlamentares e recursos estaduais. Os valores obtidos ilegalmente, ainda segundo a apuração policial, seriam utilizados tanto para o pagamento de vantagens a diferentes envolvidos quanto para a ocultação de patrimônio, em práticas típicas de lavagem de dinheiro. O deputado é um dos alvos dos mandados judiciais.
Especialistas em direito penal ouvidos em casos semelhantes apontam que a apreensão de celulares costuma ser considerada elemento relevante para a investigação, porque pode conter registros de conversas, movimentações financeiras e contatos. Por outro lado, a defesa de investigados em operações dessa natureza costuma argumentar que a simples existência de dinheiro em espécie ou o descarte de aparelhos não é, por si só, prova de crime, cabendo ao inquérito produzir elementos técnicos, como perícias e cruzamento de dados, antes de qualquer conclusão sobre responsabilidade.
A investigação ainda está em andamento, e caberá ao Ministério Público avaliar o conjunto de provas para decidir se haverá apresentação de denúncia à Justiça. Até o momento, não há condenação relacionada a esse caso específico, e o parlamentar, como qualquer investigado, mantém a garantia constitucional de presunção de inocência. A apuração deverá esclarecer a origem dos recursos, a titularidade dos celulares apreendidos e se há vínculo direto entre os objetos encontrados e o esquema descrito pela Polícia Federal nos autos da operação Igapó.

