A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, alvo da Operação Unha e Carne, que apura suspeita de vazamento de informações sigilosas sobre uma grande ação anterior contra o crime organizado. A decisão foi autorizada por ministro do Supremo Tribunal Federal, que também determinou o afastamento do deputado do mandato. As investigações apontam possível ligação entre agentes públicos e uma facção que atua em comunidades do Rio.
De acordo com a PF, o presidente da Alerj é suspeito de ter comunicado com antecedência a deflagração da Operação Zargun, realizada em setembro, que levou à prisão de um então deputado estadual investigado por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas com uma facção criminosa. Relatos colhidos pela investigação indicam que houve orientação para destruição de possíveis provas e movimentação de objetos antes da chegada das autoridades, incluindo o uso de caminhão para retirada de bens.
A decisão do STF também determinou mandados de busca e apreensão, entre eles no gabinete do parlamentar na Alerj, além da apreensão do celular do investigado, que foi preso ao comparecer à Superintendência da PF no Rio, após ser chamado para uma reunião. Segundo o despacho, há indícios de tentativa de obstrução de investigações sobre grupos criminosos violentos e de influência sobre órgãos do Executivo estadual. Até o momento, não houve manifestação pública da defesa nem da Assembleia sobre as medidas adotadas.
A Operação Unha e Carne se conecta às apurações que deram origem à Operação Zargun, focada em um esquema de corrupção envolvendo lideranças do Comando Vermelho, políticos e agentes públicos. As ações miraram mandados de prisão, buscas e sequestro de bens estimados em dezenas de milhões de reais. Os alvos respondem por suspeitas de organização criminosa, tráfico internacional de drogas e armas, corrupção e lavagem de dinheiro. As investigações seguem sob sigilo e ainda não há conclusão judicial sobre a responsabilidade dos investigados.

