Depois do tombo pandêmico de 2020, e da forte recuperação de 2021, a economia brasileira entrou no seu ritmo normal este ano – e isso não é necessariamente uma boa notícia.
A praga que assola a trajetória do Produto Interno Bruto (PIB) é conhecida como “voo da galinha”: altas que não se sustentam e levam a economia de volta à estagnação.
E ele apareceu de novo: depois de 12 meses de aceleração, a economia brasileira voltou a perder força neste terceiro trimestre. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 0,4% entre julho e setembro, abaixo do 1% dos três meses anteriores (taxa revisada).
Variação do PIB em trimestres — Foto: Arte g1
Mas se muitas das “doenças” que impedem a economia de crescer com mais força já são velhas conhecidas – como a baixa produtividade, baixo investimento, educação deficiente – alguns fatores são específicos do momento atual.
“Os dados mais recentes corroboram que, após um crescimento forte no primeiro semestre e que surpreendeu positivamente as projeções, a gente vem observando uma diminuição da expansão, um crescimento moderado, com sinais heterogêneos entre os setores da economia brasileira. O que é uma sinalização de mudança de fase de ciclo econômico, de uma recuperação mais firme para uma perda de velocidade “, diz Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos.
E o prognóstico é que esse novo ciclo não seja virtuoso: a expectativa é de piora nos trimestres seguintes.
“O terceiro trimestre é historicamente mais fraco que os demais, é como uma virada de ciclo para o final do ano, com as empresas se organizando para a reta final, o que gera uma grande expectativa. E boa parte dessa expectativa não se confirmou no terceiro trimestre e está decepcionando ainda mais no quarto trimestre, pelos dados do comércio”, diz Idean Alves, educador financeiro, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.