A polêmica envolvendo o cantor Zezé Di Camargo e o SBT deixou de ser apenas um posicionamento pessoal e passou a evidenciar o descompromisso com o público e a mistura da política partidária com a atividade artística. Após declarações nas redes sociais criticando a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à emissora e afirmando que o canal estaria sendo “prostituído”, o próprio artista solicitou que o especial de Natal que havia gravado fosse retirado da programação, decisão confirmada pela emissora.
O cancelamento frustrou telespectadores que aguardavam uma atração tradicional de fim de ano, interrompida por razões políticas e não artísticas. O episódio teve novo desdobramento com o cancelamento de um show do cantor contratado com recursos públicos para uma festa tradicional em Pernambuco, com cachê estimado em cerca de R$ 500 mil, após a repercussão negativa do caso, privando a população de um evento financiado pelo contribuinte.
Dados divulgados por veículos nacionais e portais de transparência apontam que o artista recebeu, somente em 2025, mais de 2 milhões de reais em cachês pagos por prefeituras, ampliando o debate sobre critérios, coerência e responsabilidade no uso de dinheiro público. Ao levar disputas ideológicas para o palco e para a televisão, o cantor acabou penalizando quem sustenta a cultura como bem coletivo, o público, expondo os riscos da politização da arte quando ela se sobrepõe ao compromisso profissional e ao interesse social.

