“Centrão” mantém controle sobre órgãos com maior orçamento e alcance regional, desafiando nova gestão de Lula
Centenas de cargos na administração federal brasileira permanecerão nas mãos de indicados pelo Centrão, grupo de partidos de centro-direita que apoiam diferentes governos em troca de verbas e espaço na máquina pública.
Os cargos mais cobiçados são aqueles com grande orçamento e alcance no território nacional, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e as superintendências do Desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia.
O preenchimento desses cargos permite que os políticos ampliem sua influência em suas bases eleitorais, aumentando sua força política nas eleições seguintes.
Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não tenha uma base de apoio sólida no Congresso, sua gestão está aberta a negociar esses cargos com integrantes de partidos que eram da base do ex-presidente Jair Bolsonaro e hoje se colocam como independentes, como Republicanos e PP, a fim de garantir pelo menos parte dos votos dessas siglas no Congresso.
Partidos grandes da centro-direita que receberam o comando de alguns ministérios, como MDB, PSD e União Brasil, também desejam mais espaço no governo.
Essas nomeações seguem em ritmo lento, enquanto intensas negociações acontecem nos bastidores. Algumas lideranças falam abertamente sobre o desejo por cargos, enquanto outras preferem aguardar a indicação do Planalto. O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, confirmou o interesse de seu partido na Codevasf, Dnocs e Sudene.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou que o governo dialoga com todos que tenham interesse em colaborar e afirmou que o Planalto pode manter pessoas que foram nomeadas na administração anterior.
Padilha afirmou que o governo tem interesse em acelerar as nomeações e que há muitos “currículos” sendo analisados, indicados por “movimentos sociais, segmentos econômicos, entidades e parlamentares”. Ele explicou que as pessoas que já têm um papel em determinadas áreas e que forem tecnicamente competentes e politicamente capazes de dialogar com a sociedade poderão ser reaproveitadas.