O número de idosos que seguem trabalhando no Brasil chegou ao maior patamar desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. Em 2024, quase um em cada quatro brasileiros com 60 anos ou mais tinha alguma atividade remunerada, formal ou informal. O crescimento ocorre em meio ao envelhecimento da população, à recuperação do mercado de trabalho após a pandemia e às mudanças nas regras de aposentadoria.
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, a taxa de ocupação entre pessoas de 60 anos ou mais passou de 23% em 2023 para 24,4% em 2024, o que corresponde a 8,3 milhões de trabalhadores idosos. Por um lado, especialistas apontam que a maior participação dessa faixa etária pode refletir melhores condições de saúde, desejo de manter-se ativo e possibilidade de complementar a renda familiar. Por outro, há avaliações de que a reforma da Previdência, em vigor desde 2019, leva parte desse grupo a permanecer mais tempo no mercado para alcançar o benefício.
O levantamento mostra ainda que o trabalho por conta própria e a informalidade são mais presentes entre os idosos. Em 2024, 55,7% deles estavam em ocupações informais, proporção superior à observada na população de 14 anos ou mais, de 40,6%. Enquanto defensores desse arranjo veem flexibilidade de horário e autonomia, críticos destacam ausência de direitos trabalhistas e maior vulnerabilidade financeira. A renda média do trabalho principal dos idosos, estimada em R$ 3.561, foi superior à da população geral ocupada, de R$ 3.108, o que, segundo analistas, pode tanto indicar maior qualificação de parte desse grupo quanto mascarar desigualdades entre aqueles que conseguem bons postos e os que permanecem em atividades precárias.

