Um relatório recente sobre a regulação do trabalho por aplicativos, apresentado pelo deputado Augusto Coutinho, vem gerando preocupações entre empresas, consumidores e alguns trabalhadores. A proposta tem como objetivo regular a atividade de motoristas e entregadores em plataformas digitais, mas seu impacto pode ser um aumento nos custos dos serviços oferecidos. Esta situação preocupa porque pode afetar a demanda por esses serviços, que são usados por milhões de brasileiros.
O relatório não estabelece um vínculo formal de emprego entre os trabalhadores e as plataformas, mas impõe às empresas responsabilidades semelhantes às previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entre as medidas estão o pagamento de adicional de 30% aos motoristas em dezembro, que funciona como um 13º salário; maior remuneração aos domingos, feriados e no período noturno. Além disso, o texto exige o cumprimento de normas de higiene e segurança no trabalho, trazendo uma forte influência das normas trabalhistas tradicionais para os serviços por aplicativos.
Essa articulação da proposta envolveu o consultor legislativo Charles da Costa Bruxel, com experiência em Direito do Trabalho, que ajudou a moldar o texto. Também houve pressão do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que defende que a Justiça do Trabalho seja a instância para analisar esses casos. Recentemente, representantes do governo federal participaram do debate, trazendo sugestões sobre valores mínimos para corridas e entregas, que foram negociados entre R$ 8,50 e R$ 10,00.
O projeto ainda está em discussão na Comissão Especial da Câmara, e sua votação pode ser adiada devido ao recesso parlamentar e ao pedido de vista por deputados. Enquanto isso, entidades que representam motoristas, consumidores e empresas alertam para os possíveis efeitos de um aumento significativo nos preços, o que pode dificultar o acesso dos consumidores aos serviços por aplicativos e afetar a sustentabilidade do setor no Brasil.

