Satélites mostraram um ciclone na costa do Sul do Brasil, outro no meio do Atlântico e um terceiro junto à África
Os céus observados por satélites meteorológicos da Nasa revelaram um intrigante desfile de ciclones que cortavam o oceano entre o Brasil, na América do Sul, e a África no último sábado. Um total de três ciclones era visível nas latitudes médias, enquanto um quarto se formava mais ao Sul, nas proximidades da Antártida. Esse conjunto de “baixas pressões” meteorológicas, como é chamado no jargão dos especialistas, trouxe mudanças no tempo no Atlântico Sul e regiões vizinhas.
Dois dos sistemas meteorológicos abertos no oceano eram de grande porte, caracterizados por suas espirais de nuvens. Um estava na costa sul do Brasil, enquanto o outro se localizava no meio do Atlântico. O terceiro ciclone nas latitudes médias, que avançava do Atlântico, era visível ao sul da África do Sul. Todos eles seguiam na direção de Oeste para Leste, e é importante notar que não representavam risco para o território brasileiro.
Os ciclones extratropicais são um fenômeno comum no Atlântico Sul e podem ocorrer em qualquer mês do ano, embora haja uma concentração maior durante o inverno. Esses sistemas meteorológicos são caracterizados por centros de baixa pressão atmosférica, onde o vento circula no sentido horário no Hemisfério Sul. Geralmente, esses ciclones são gerados devido a grandes contrastes de temperatura. A presença de uma ampla área de baixa pressão facilita a ascensão do ar, formando nuvens com grande desenvolvimento vertical, capazes de gerar chuvas intensas e ventos fortes, com rajadas superiores a 100 km/h no centro do sistema.
Devido a isso, os ciclones extratropicais podem causar problemas consideráveis, trazendo ventos fortes e chuvas intensas para as áreas onde atingem o continente. Sua magnitude depende de sua proximidade com a terra e da redução da pressão atmosférica no centro do sistema. Um dos critérios para classificar um fenômeno como ciclone é quando a pressão central cai abaixo de 1005 hPa, e se essa pressão cair para menos de 1000 hPa, o ciclone é considerado mais intenso e com maior potencial de riscos.
O ciclone que afetou o clima no Rio Grande do Sul trouxe fortes ventos para o estado, com a maior rajada registrada em 89 km/h na Barra do Porto de Rio Grande, no litoral sul gaúcho. Isso levou ao fechamento do porto devido ao vento intenso e ao mar agitado já no início da noite de sexta-feira. Outras medições registraram rajadas de vento de 78 km/h na Barra do Chuí, 75 km/h em Capão do Leão (Pelotas) e 72 km/h em Tramandaí, todas próximas à costa.
Na capital Porto Alegre, a ventania mais intensa ocorreu na noite de sexta-feira, com rajadas próximas a 70 km/h registradas no Aeroporto Salgado Filho. No entanto, dentro da cidade, devido ao efeito da topografia e do relevo, o vento foi ainda mais intenso, acelerando sua velocidade entre morros e prédios.
Este espetáculo de ciclones, embora impressionante, faz parte da rotina climática do Rio Grande do Sul, demonstrando que esses fenômenos podem ocorrer em qualquer época do ano, e a extensão de seus impactos depende de vários fatores, incluindo a proximidade da costa e a magnitude da pressão central.