A Paraíba vai receber o telescópio mais moderno da América Latina, comparado ao famoso telescópio James Webb, que entrará em funcionamento em meados de 2023, fazendo com que o estado seja foco nas pesquisas internacionais sobre cosmologia, podendo, inclusive, que os dois equipamentos funcionem em parceria, uma vez que ambos olham para regiões distantes do universo.
Foram investidos no projeto R$ 30 milhões, com a maior parte dos recursos vindos da Fapesp, da Finep, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do governo da Paraíba, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), e também de outros países, como a China.
O BINGO, nome com o qual foi batizado o radiotelescópio, é um anagrama que significa “Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutron Gas Observations” é uma colaboração internacional liderada pela Universidade de São Paulo (USP), com a participação principal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no Brasil; Universidade de Yangzhou e Universidade Jiao Tong de Xangai na China; Universidade de Manchester e University College London, na Inglaterra; Baylor University, University of Texas em Austin e University of Texas em Dallas nos Estados Unidos, além de colaboradores de muitas outras instituições.
O telescópio vai observar a emissão de átomos de hidrogênio no universo a distâncias de bilhões de anos-luz de nós, com o objetivo de investigar o chamado “setor escuro” do universo —sobretudo a presença da misteriosa energia escura.
A Paraíba foi escolhida para a instalação do moderno equipamento de observação uma vez que a cidade de Aguiar (PB) é o lugar com o menor nível de contaminação em radiofrequência, dentre todos os sítios visitados. Foram analisadas as emissões de 14 sítios no Uruguai, os sites do Inpe em Santa Maria (RS) e Cachoeira Paulista (SP), um sítio em Goiás, e cerca de 15 locais em diversos pontos do estado da PB. Aguiar, dentro da Serra da Catarina, no Vale do Piancó, foi o local mais bem avaliado, além da receptividade científica da Universidade Federal da Paraíba, e fomento do Governo do Estado da Paraíba.
O Bingo é, provavelmente, o maior projeto ligado à radioastronomia já executado no Brasil, com liderança brasileira e a maior parte de seus subsistemas projetados e construídos no Brasil. Ele envolve hoje cerca de 100 pessoas em vários países do mundo, sendo que cerca de 40% dos membros são brasileiros, sendo um projeto científico que deverá durar, certamente, mais de uma década, e permitirá a formação de algumas gerações de astrônomos com a experiencia de análise de dados em rádio.
Adicionalmente, o trabalho de extensão e divulgação feito pela Universidade Federal de Campina Grande despertará o interesse de jovens e crianças para a área científica e tornará o estado da Paraíba um polo de pesquisa em radioastronomia e cosmologia, descentralizando essa atividade da região Sudeste do país.