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Turismo e inclusão: o desafio de não “esconder o sol com a peneira” em João Pessoa

Declarações do secretário de Turismo reacendem debate sobre vulnerabilidade social e mostram que o verdadeiro desafio está em unir desenvolvimento e inclusão.

João Pessoa, 17 de outubro de 2025 — As declarações do secretário de Turismo de João Pessoa, Vitor Hugo, voltaram a gerar repercussão negativa nesta sexta-feira (17). Ao tentar justificar falas anteriores sobre pessoas em situação de rua, o gestor reafirmou que “não dá para fazer turismo com moradores de rua”, reacendendo o debate sobre como conciliar o desenvolvimento turístico com o enfrentamento da vulnerabilidade social — um desafio presente em diversas capitais brasileiras.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o secretário afirmou que suas palavras foram “distorcidas por pessoas mal-intencionadas”, mas repetiu o argumento de que a presença de pessoas em vulnerabilidade nas praias prejudica a imagem da cidade. “Aquele local não é adequado para eles, principalmente para desenvolver o turismo, que é a parte que eu sou responsável. Então, não dá para que a gente faça turismo com moradores de rua e a maioria deles nem da nossa cidade é”, declarou.

Durante sessão na Câmara Municipal, na semana passada, o secretário já havia afirmado que alimentar pessoas em situação de rua “não é correto”, associando as doações feitas por cidadãos e entidades ao incentivo do tráfico de drogas. A fala, considerada infeliz, foi criticada por tratar uma questão social complexa de maneira reducionista, sem reconhecer a necessidade de políticas públicas integradas e humanizadas.

Especialistas e parte da sociedade civil destacam que o problema não se resolve ao retirar pessoas das praias, mas sim ao oferecer caminhos de acolhimento, capacitação e reinserção social. A capital tem buscado fortalecer um modelo de turismo mais sustentável e inclusivo, que reconhece que o crescimento econômico só é pleno quando caminha junto com a valorização das pessoas.

Como diz o ditado popular, “tentar esconder o sol com uma peneira” não é o caminho. A solução para os desafios urbanos e sociais de João Pessoa passa por compreender que o turismo de verdade não se constrói afastando os vulneráveis dos cartões-postais, mas aproximando a cidade da sua própria essência: a de acolher.

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