Marinha afirma que o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) autorizou navios de guerra do Irã a atracarem no Brasil
Dois navios de guerra do Irã atracaram no porto do Rio de Janeiro, e a Marinha Brasileira afirmou em nota que a autorização para a visita foi concedida pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty).
A resposta da Marinha foi dada após questionamentos sobre o motivo dos navios estarem em águas brasileiras. Segundo a nota, a Marinha não foi responsável pela iniciativa e apenas cumpriu o protocolo após a autorização do Itamaraty.
No entanto, no domingo, veículos de imprensa noticiaram que a Marinha teria ignorado um pedido dos Estados Unidos para que os navios de guerra iranianos não atracassem no Brasil. Washington, em meio à crescente tensão com Teerã, avaliou a situação como uma “provocação” do rival, e a repercussão foi negativa também entre ativistas de direitos humanos que monitoram o caos social no país do Oriente Médio após a morte de Mahasa Amini.
Fontes militares, no entanto, afirmam que a Marinha Brasileira apenas cumpriu o protocolo e que a concessão de autorização para navios estrangeiros é iniciada com uma solicitação da Embaixada do país ao Itamaraty, e somente após a autorização do ministério é que a Marinha concede a autorização solicitada.
O Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo chanceler Mauro Vieira, nega que tenha havido mal-estar com os Estados Unidos e afirma que a relação entre Brasil e Irã é histórica, datando desde 1903, e que os EUA respeitam a soberania brasileira. No entanto, o MRE ainda não forneceu mais detalhes sobre a passagem dos navios em águas brasileiras.
A visita dos navios iranianos ao Brasil despertou o interesse da mídia e do público em geral, dada a tensão entre os Estados Unidos e o Irã. O episódio também levantou questões sobre a política externa brasileira e sua relação com países considerados inimigos pelos EUA, um dos principais aliados do Brasil.
Por conta da sensibilidade diplomática que envolveu a situação, acentuada pela visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Branca, onde teve encontro no último dia 10 com Joe Biden, a atracação e desembarque dos navios chegou a ser adiada para o último domingo (26).