Em depoimento, servidora de Duque de Caxias relatou pressão para passar senha que permite inserção de vacina no sistema do ministério
O avanço das investigações da Polícia Federal no caso da fraude dos cartões de vacina está fechando o cerco ao redor do clã Bolsonaro.
A atuação da suposta organização criminosa na cidade de Duque de Caxias (RJ) já prendeu envolvidos através da Operação Venire.
Entre as ordens de prisão está a do secretário Municial João Carlos de Sousa Brecha, bem como o assessor de ordens coronel Cid, suspeito de compor o esquema de fraudes nos registros de vacinação contra a Covid-19.
De acordo com o que noticiou o Portal G1, uma servidora do município afirmou, em depoimento, que foi coagida a fornecer a sua senha de acesso ao sistema do Ministério da Saúde utilizado para inserir as doses de vacina aplicadas.
Os malotes com as investigações conduzidas em Duque de Caxias chegam nesta quinta-feira (4/5) a Brasília para uma nova frente de apuração, que focará no funcionamento do esquema envolvendo a prefeitura e servidores da cidade.
De acordo com as apurações preliminares, os funcionários da prefeitura do município foram os responsáveis por inserir nos sistemas do Ministério da Saúde os dados falsos de vacinação do ex-presidente, de sua filha Laura, de dois dos seus ex-assessores e do deputado federal Gutemberg Reis (MDB).
Em recente declaração para a imprensa após a Busca e Apreensão em sua casa, o ex-presidente Bolsonaro reafirmou que não tem conhecimento da adulteração, e que não se vacinou, assim como afirmou muitas vezes publicamente.
Esta é a principal linha de defesa adotada por Bolsonaro. Entretanto segundo as investigações o cartão de vacina adulterado foi impresso antes do retorno do ex-presidente para o Brasil com a senha dele no acesso ao sistema.
Outro fato muito importante, é o de que a inserção das duas doses da Pfizer no sistema do Ministério da Saúde foi feita por volta das 19h do dia 21 de dezembro, pelo secretário municipal de governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
Na manhã do dia seguinte, 22 de dezembro, por volta das 8h, o usuário do ex-presidente acessou o ConecteSUS e emitiu o certificado de vacinação contra a Covid-19.
Este acesso, de acordo com a PF, foi feito do Palácio do Planalto.
Uma semana depois, no dia 27 de dezembro, um novo acesso foi feito pelo mesmo dispositivo às 14h, e uma nova emissão do comprovante de vacinação de Bolsonaro foi feita.