Um vídeo publicado nas redes sociais por um ex-deputado federal, no qual ele joga no lixo um par de chinelos de uma conhecida marca brasileira e defende um boicote à empresa, reacendeu o debate sobre a presença de mensagens políticas em campanhas publicitárias. A reação ocorreu após a divulgação de uma peça de fim de ano, estrelada por uma atriz, que passou a ser interpretada por parte do público como um recado político indireto.
Na propaganda, a atriz afirma que não deseja que as pessoas comecem o ano com o pé direito, expressão popularmente associada à sorte, mas sim com os dois pés, sugerindo uma postura mais ativa. Para críticos da campanha, esse trecho teria um duplo sentido, ligado ao cenário político recente do país e à polarização entre diferentes grupos. Já outros consumidores e analistas de marketing veem apenas uma mensagem motivacional, voltada a incentivar iniciativa pessoal, sem referência explícita a personagens ou partidos.
O ex-parlamentar, que gravou o vídeo no exterior, disse considerar a marca um símbolo nacional e afirmou ter se decepcionado com a escolha da campanha e da protagonista. Ele também traçou um paralelo com casos internacionais em que empresas teriam enfrentado críticas e perda de consumidores após ações de comunicação percebidas como alinhadas a determinadas agendas. Especialistas em mercado lembram, porém, que movimentos de boicote costumam ter efeitos variados e que muitas companhias assumem posicionamentos, avaliando tanto riscos quanto possíveis ganhos de imagem junto a outros públicos.
Enquanto apoiadores do boicote defendem que consumidores usem seu poder de compra para demonstrar discordância com mensagens consideradas políticas, outra parte dos usuários nas redes argumenta que marcas têm liberdade para criar campanhas com diferentes narrativas e valores. O episódio ilustra como peças publicitárias podem ser interpretadas de maneiras distintas, dependendo do contexto político e das experiências de quem assiste.
